Os Efeitos Pedagógicos do Sofrimento
Texto base “Considero que os nossos sofrimentos atuais, não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).Introdução
Por
que sofremos?
Digamos que o sofrimento
é aquele remédio amargo que ninguém gosta de tomar, mas é necessário para curar
um mal maior ainda, que é a enfermidade. Deus nos ama e deseja o melhor para nós, Ele,
como Pai zeloso, cuida de nossas enfermidades muitas vezes imperceptíveis a nós
mesmos. Ele deseja a nossa cura, a nossa restauração completa. Somos por
natureza rebeldes e ignoramos as coisas que são essenciais para a nossa saúde
espiritual. Vivemos a vida satisfazendo o nosso ego e negligenciando e deixando
de lado aspectos que nos impede de ter uma vida plena com Deus. Como médico dos
médicos, o Senhor não fica indiferente à necessidade de tratamento em áreas
especificas da nossa alma. Nesse sentido, somos submetidos a tratamentos
intensivos e dolorosos cujo objetivo é a nossa cura e purificação e restauração.
Purificados
no fogo
“O
ouro e a prata são provados pelo fogo, mas é o SENHOR quem revela quem as
pessoas são, realmente”( Pv.17.3).
Da mesma forma que o
ourives faz para purificar o ouro colocando-o na fornalha para que os
fragmentos agregados ao material precioso sejam retirados, assim, somos
provados no fogo das aflições para que esses resquícios do homem velho sejam
extirpados de nossas vidas para que possamos compreender a vida numa
perspectiva de transitoriedade. Somos preciosos aos olhos do Senhor e por isso
Ele nos trata, nos restaura e nos consola. Nada é definitivo aqui neste mundo.
Estamos de passagem, como diz Pedro, ‘peregrinos’ nesta terra (1Pe. 2.11). Precisamos
olhar para o Alto e vivermos de conformidade com os propósitos de Deus enquanto
aqui ainda estivermos. Assim, o sofrimento cumpre o papel pedagógico de nos
ensinar, instruir e advertir sobre nossa conduta, nossa postura enquanto
cidadãos dos Céus. Desta forma, precisamos ser confrontados pela Palavra para
que possamos perceber os desalinhos em nossa vida e nos ajustarmos aos
propósitos de Deus.
As
duas perspectivas sobre o sofrimento
“Amados, não vos assusteis com a provação que surge entre vós, como
fogo ardente, com o objetivo de provar a vossa fé. Não entendais isso como se
algo estranho vos estivesse acontecendo”(1Pe.4.12).
Não
estamos isentos de passarmos por trechos difíceis em nossa caminhada.
Precisamos compreender, no entanto, os motivos pelos quais somos submetidos a
essas provações. A falta de compreensão nos leva à murmuração e inconformidade.
E não é esse o propósito de Deus. O apóstolo Pedro nos aponta pelo menos duas
razões para sermos submetidos ao sofrimento. O primeiro, para que a nossa fé
seja provada, como foi no caso de Jó. E a segunda, para a nossa edificação
pessoal e crescimento espiritual.
No
primeiro caso, Pedro deixa claro que existem provações que estão relacionadas
ao fato de sermos cristãos: “se vocês são
insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês pois, o Espírito da
glória, o Espírito de Deus repousa sobre vocês” (1Pe 4.14). Em graus
diferentes, o cristão não é bem visto neste mundo porque as trevas se opõe à
luz. Então, é obvio que haverá rejeições, perseguições e discriminações, mesmo que de forma velada ou até mesmo de forma mais
ostensiva.
Desde
à antiguidade até os dias atuais, o cristão que investe o seu tempo no Reino de
Deus, de alguma forma sente na pele essa oposição no que se refere à propagação
do Evangelho. No campo missionário, as perseguições são mais intensas, chegando
à prisões e até mesmo à morte. A esse respeito,
Marin Luther King, um grande arauto do Evangelho disse: “se você não está pronto para morrer por
alguma coisa, então, você não está pronto para viver” . O próprio Cristo
deixou claro essa questão quando disse: “se
alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe”(Mt.16.24;
Mc 8.24; Lc. 9.23). Fica evidente que a vida cristã implica em renúncias e
sofrimentos.
Se
esses requisitos não forem evidentes, talvez seja porque ainda não
compreendemos o verdadeiro papel do cristão e ainda estamos andando de mãos
dadas com o mundo, não nos distinguindo do mesmo. Será que as pessoas com quem
você convive no trabalho, na faculdade ou em outro ambiente sabem que você é
cristão? Onde você tem colocado a sua candeia? Cristo deixa claro que aquele
que não cumpre tais requisitos, não está apto para segui-LO (Lc.14.27). Cabe a
você fazer essa avaliação de si mesmo quanto a sua efetiva participação no
Reino de Deus.
Por
outro lado, àqueles que estão no campo de batalha, enfrentando as suas lutas
por causa de Cristo, o apóstolo Pedro traz uma palavra de consolação dizendo: “contudo, se sofre como cristão não se
envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome” (1Pe 4.16). Seguir a
Cristo nunca foi fácil. O próprio Jesus disse, referindo-se a Paulo, no que diz
respeito ao chamado que a ele fora confiado: “pois eu lhe mostrarei o quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At.
9.16 ARA). Sofrer por amor a Cristo tem o esplendor da esperança da glória que
está reservada àqueles que perseverarem até o fim (Cl.1.5). Ao contrário de um
atleta que se prepara e se dedica a um treinamento exaustivo para conquistar
uma medalha perecível, o cristão por sua vez, luta e se desgasta por uma recompensa
que será para sempre (1 Co. 9.25) e isso
é glorioso.
O
sofrimento como elemento purificador
Existe, por outro lado,
como já foi dito no início deste texto, o sofrimento que tem por objetivo a
purificação, a correção de nossas imperfeições. O sofrimento existe, isto é
fato. E ele acomete tanto o ímpio quanto o crente. A sua origem decorre do
pecado original que abriu as portas para que o mal sobreviesse sobre a
humanidade. Ninguém, portanto, está
isento de passar por adversidades. A questão é, como lidamos quando o
sofrimento bate à nossa porta? Dizem alguns, que o sofrimento amolece o
coração, mas nem sempre é assim. Há os que endurecem ainda mais.
Esse comportamento de
negação só vai acentuar ainda mais as feridas e a necessidade de tratamento que
pode se tornar mais prolongado. Mas, é
inegável que a dor produz em nós uma transformação que de outra forma não seria
possível. Ninguém sai de uma crise do
mesmo jeito que entrou, por mais terrível que seja a situação.
Na vida do cristão, o
sofrimento, segundo o apóstolo Paulo produz algo excelente: “ porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz, para nós, um peso de glória mui excelente” (2Co. 4.17). Sabemos que
a vida terrena é um sopro e que a eternidade nos aguarda. Tudo que sofremos
aqui é passageiro, mas se o resultado desse sofrimento nos habilitar a termos
um relacionamento melhor com Deus, então, nesse sentido, o sofrimento cumpriu
com seu propósito. O apóstolo Paulo, nos
ensina que as tribulações produzem em
nós a perseverança com base na esperança
que temos na vida eterna e disso resulta
em um caráter aprovado, forjado pelo Espírito Santo (Rm.5.3-5).
Podemos entender com isso
que o sofrimento atua como um elemento pedagógico em nossas vidas. O fato é que
nós temos muita facilidade em percebermos as falhas dos outros e não
conseguimos identificar em nós, as nossas próprias imperfeições. E, por conta disso,
nos acomodamos e seguimos em frente sem nos atentarmos quanto a necessidade que
temos de uma mudança em nosso caráter e em nosso modo de viver. Deus nos
conhece muito bem e sabe, exatamente, onde
e em que área precisamos ser tratados.
A bíblia nos ensina que “Deus corrige a quem ama e disciplina a todo aquele que recebe como filho” (Hb. 12.6). Portanto, como filhos amados, somos educados por Deus e impelidos pelo Seu amor a termos uma vida condizente com os seus ensinamentos. Nesse sentido, a nossa postura deve ser de submissão. O livro de Provérbios reforça a questão de como devemos agir diante da disciplina que nos é imposta: “Filho meu, não desprezes a disciplina do SENHOR, nem te magoes com a Tua repreensão; pois o SENHOR, disciplina a quem ama assim como um pai faz ao filho a quem deseja o bem”(Pv. 3.11-12).
A
Escola do Deserto
Quando lançados no
deserto, sem muitas distrações ao nosso redor, somos constrangidos a olharmos
para nós mesmos e então, conseguimos perceber as nossas falhas, por menor que
sejam. Nos deparamos, muitas vezes, com atitudes que revelam em nós um coração
orgulhoso e egoísta, dentre outras posturas das quais, em situações normais nos
esquivaríamos de observar. Na maioria das vezes, procuramos justificar as
nossas atitudes erradas e, ao invés de nos arrependermos, continuamos
alimentando comportamentos repreensíveis sob argumentos equivocados que
satisfazem nosso ego. Essas atitudes funcionam como |âncoras que nos impede de
voos mais alto no sentido espiritual. Adoecemos sem percebermos e, na maioria
das vezes, adoecemos as pessoas que convivem conosco.
Diante de tudo que aprendemos,
podemos entender que o deserto é lugar de solidão e provação, lugar de
recolhimento e introspecção, uma escola que nos proporciona ensinamentos
profundos quanto a necessidade de nos purificarmos para termos uma vida
saudável com Deus. O escritor de Hebreus nos adverte de que “sem santidade ninguém verá a Deus”(Hb.
12.14). Isso implica em um processo de purificação no fogo, ou seja, só
acontece em meio às provações. Podemos concluir que a nossa permanência no
deserto só depende da nossa capacidade de renunciarmos a nós mesmos para
seguirmos a Cristo.
É interessante quando
percebemos quão grandioso é o amor de Deus por nossas vidas, porque mesmo nos
forjando em situações adversas, Ele jamais nos abandona, Ele caminha conosco em
meio ao deserto e nos sustenta em nossas fraquezas para que não venhamos a
sucumbir: “também no deserto, vocês viram
como o SENHOR, o vosso Deus, os carregou, como um pai carrega o seu filho, por
todo caminho que percorreram até chegarem a este lugar” (Dt. 1.31).
Deus nos ama acima de tudo e deseja o melhor para nós. Se Ele nos coloca na disciplina é porque existe algo que precisa ser tratado no particular conosco. Que sejamos humildes para reconhecer as nossas imperfeições e, também, percebermos a necessidade que temos de nos submeter ao tratamento necessário para o nosso aperfeiçoamento, conduzido pelo nosso PAI, o Senhor, nosso Deus.
Sonia Oliveira
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