“Porque
quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.10b)
Introdução
O
apóstolo Paulo descreve uma experiência sobrenatural de arrebatamento que ele
teve, provavelmente, no início de sua caminhada onde ali ouviu revelações que
descreve como inefáveis e que ao homem nem é lícito saber (v 4). Essas
revelações, certamente o fortaleceram espiritualmente, a ponto de ele suportar
todos os sofrimentos que lhe sobrevieram no decorrer de seu ministério apostólico.
Por isso, considero de suma importância meditarmos neste texto a fim de
aprendermos com este grande arauto do Evangelho
algumas verdades que, certamente, irão nos ajudar a lidar melhor com o
sofrimento.
I - Espinho na carne
“E, para que não me exaltasse pelas
excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás, para me esbofetear a fim de não me exaltar” (v 7)
Paulo
fala sobre uma debilidade que ele chamou de “espinho na carne”, o que nos
remete a ideia de dor, aflição, sofrimento, de humilhação ou de enfermidade,
não se sabe. O fato é que ele mesmo reconhece que essa situação era para que
ele não se exaltasse e se lembrasse
sempre da sua dependência de Deus. Quando ele diz: “foi me dado..” isso nos leva a crer que se tratava de uma situação
permitida por Deus para que não se orgulhasse pelo fato de ter recebido as revelações tão
indescritíveis.
Aplicação: Não importa qual seja a situação, o fato é que quando
estamos em meio a uma situação de sofrimento, de angústia e aflição, nos
tornamos vulneráveis. E se não estivermos alicerçados na fé, é exatamente
nesses momentos que Satanás entra em ação para aniquilar com nossas forças.
Talvez por isso que Paulo se refere ao “mensageiro de Satanás”, enviado para
esbofeteá-lo, ou seja, tripudiando de seu sofrimento.
Quantas
vezes oramos e não recebemos a resposta de Deus, e nestes momentos alguém pode
dizer “onde está o teu Deus?” Este é o argumento de Satanás, dizer que não vale
a pena orar porque as coisas continuam da mesma forma. Mas a bíblia nos ensina
que é justamente por meio do sofrimento que nós nos achegamos a Deus e por
isso, nem sempre Ele vai retirar o espinho que nos incomoda, mas vai nos ajudar
a suportar a dor para que o nosso espírito se fortaleça.
II - Paulo Recorre à Oração
“...acerca do qual três vezes orei ao SENHOR,
para que se desviasse de mim” (v 8)
Paulo
diz que buscava em Deus o alívio para o seu sofrimento, que orava e pedia que
lhe fosse tirado o espinho que lhe incomodava. Mas nem sempre as nossas orações
são respondidas segundo as nossas petições. Esta é, exatamente, a situação
descrita acima, se Deus não responde, não é porque está alheio a nossa situação
e sim, porque, certamente, há um propósito mais elevado para que a situação não
seja revertida. Não sabemos pedir como convém, por isso o Espírito Santo
intercede em nosso favor com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26,27).
Quando Deus
não muda as circunstâncias que nos aflige é porque está usando essas mesmas circunstâncias
para moldar o nosso caráter a fim de que venhamos a atingir “a estatura de varão perfeito” (Ef
4.11,14), ou seja, atingirmos a maturidade espiritual que é necessária a todo
crente. Portanto, o sofrimento é um lapidador do nosso caráter cristão. Por
isso o profeta Isaías disse que os planos de Deus são mais altos que os nossos
(Is 55.8,9). O fato é que, quando Ele permite uma situação, é porque dessa
situação, há de vir algo muito melhor. Deus trabalha a nosso favor sempre, e “tudo contribui para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
III - A Graça de Deus
“A minha graça te basta, porque o meu poder
se aperfeiçoa na fraqueza...” (v 9a).
Portanto,
nem sempre Deus vai nos livrar de situações de sofrimento e o próprio Jesus nos
alertou quanto a isso dizendo que no mundo teríamos aflições, contudo, não
deveríamos perder o ânimo (Jo 16.33). No caso de Paulo, Ele acrescenta a esse
fato, que a sua grata nos basta porque é por meio dessa graça que suportamos
todas as adversidades sem perdermos a fé. Para o mundo isso parece loucura
porque eles não entendem o motivo de servirmos a Deus mesmo diante da dor, da
enfermidade, da situação financeira precária, muitas vezes.
Pela
lógica, nenhum de nós merece nenhum favor de Deus pois que todos somos
pecadores, no entanto, por nos amar tanto, Ele nos concede favores e isso é
graça. Por meio dessa graça Ele nos socorre em nossas fraquezas, nos ajuda, nos
dá força para suportarmos as aflições. Quando Deus permite uma situação de
sofrimento em nossas vidas é para que tenhamos mais experiência com Ele na
oração, para que venhamos a nos lançar em seus braços em total dependência,
assim como o faz uma criança com seu pai. É em meio às nossas fraquezas que Deus
manifesta o seu poder e a sua força e seu nome é glorificado.
Aplicação: É essa graça que nos fortalece e que nos impulsiona
a permanecermos firmes, mesmo quando as situações são adversas e parece que não
vamos conseguir vencê-las. Ao buscarmos em Deus o socorro, através das orações,
nem sempre Ele vai retirar o problema, mas certamente, vai nos restaurar o
vigor e nos colocar em posição de combate para possamos vencer os “gigantes”
que se levantam contra nossas vidas e vai nos dar estratégias para que possamos
vencer todas as lutas e estreitarmos o nosso relacionamento com Ele.
IV - O Sofrimento nos Aperfeiçoa
“..De boa vontade pois, me gloriarei nas minhas
fraquezas para que em mim habite o poder de Cristo” (v 9b).
“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de
Cristo” (v 10)
As
palavras de Paulo indicam uma maturidade espiritual muito grande a ponto de
suportar tudo por amor a Cristo e dizer “já não vivo eu, mas Cristo vive em
mim” (Gl 2.20). Ele entendia que quanto mais as suas forças eram aniquiladas,
mais o poder de Deus se manifestava em sua vida e por esta razão disse: “quando
estou fraco, então sou forte” (v10b).
Parece
um paradoxo esta frase, mas Paulo compreendeu que o sofrimento o levava mais
perto de Deus e nEle ele encontrava forças para suportar todas as aflições.
Quando ele diz que “sentia prazer nas fraquezas, nas injúrias...” (v 10ª) é
porque ele entendia que assim como o atleta esgota todas as suas forças na tentativa
de aperfeiçoar a sua performance física e se alegra com o resultado, assim
também o crente, mesmo na exaustão deve se alegrar por vencer os próprios
limites em busca do aperfeiçoamento que o conduzirá a receber o galardão
eterno.
O
apóstolo Tiago também teve este mesmo entendimento quando disse: “Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé,
uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação
completa para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg
1.2-4). Sejamos portanto, em tudo perseverantes na fé em Cristo Jesus.
Conclusão
Não é
fácil lidarmos com o sofrimento e muito menos nos alegrarmos com ele. Contudo,
se compreendermos que este é o mecanismo que Deus utiliza para nos curar a
alma, se é necessário esse remédio amargo para nos curar as feridas, então, que
possamos dizer como Jesus o disse: “Pai,
se puderes, afasta este cálice, mas que não seja conforme a minha vontade, mas
como tu queres” (Lc 22.42).
Que possamos compreender qual seja a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”
(Rm 12.2b). Pela ótica de Paulo
compreendemos que o sofrimento é um mecanismo que nos aperfeiçoa e nos leva
mais perto de Deus.
Assim sendo, sejamos firmes e prossigamos para o alvo,
porque como Paulo mesmo declarou: "tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Rm8.18).
Vale a pena ser fiel. Que Deus nos abençoe ricamente.
Sonia Oliveira
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- Juizes - Período Teocrático
- Sansão - Exemplo de Imaturidade
- Gideão - Um Homem Revestido de Poder
- Abimeleque - Ambição Sem Limites
- José do Egito
- Josué e Calebe - Enfrentando o Gigante do Medo
- Josué - A Derrota de Ai
- Palavra de Deus - Uma Mensagem Transformadora
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