sábado, 2 de junho de 2018

A Difícil Tarefa de Permanecer em Cristo


“O Senhor está convosco enquanto vós estais com ele, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará”  (2Cr 15.2b).


INTRODUÇÃO

 O Apóstolo Paulo em sua Epístola aos romanos escreve que: tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensinamento foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4).
 A história de Asa nos oferece elementos riquíssimos para refletirmos sobre as nossas fragilidades humanas e sobre a difícil tarefa de permanecermos fiel a Deus durante a nossa caminhada. Asa teve altos e baixos em sua relação com Deus, assim como pode ocorrer com qualquer um de nós. Mas o texto nos ensina que, a presença do Senhor em nossa vida é condicional ao nosso relacionamento com Ele.

A primeira fase do relacionamento de Asa com Deus

E Asa fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor, seu Deus; porque tirou os altares dos deuses estranhos os altos, e quebrou as estátuas e cortou os bosques.” (2Cr 14.2,3).

 Durante os reinados de Roboão (Cap. 12) e Abias (Cap 13; 1Rs 15.1-8),  a apostasia se instaurou em Israel. A nação, contaminada pelo paganismo erigiu estátuas e construiu pontos para cultuar os deuses pagãos (1Rs 14.21-24;15.3).  Ao assumir o reinado, Asa não só combateu a idolatria, como também, destruiu os ídolos e conclamou Judá a buscar a Deus e a obedecer aos seus mandamentos (vv.3-5). Trazendo essa questão para o contexto da vida cristã, essa deve ser a postura de um líder espiritual, daquele que tem sob si a incumbência de cuidar de um rebanho. A apostasia hoje, tem alcançado níveis alarmantes e, muitos apóstatas, inclusive, permanecem dentro da Igreja cumprindo ritualismo religioso, sem contudo, prestar culto a Deus.

 Precisamos de um grande avivamento para que a Igreja seja despertada. O texto mencionado nos aponta o caminho para que ocorra uma renovação espiritual na vida do povo de Deus: primeiro, destruirmos todo tipo de idolatria, tudo o que ocupa o lugar de Deus em nossas, vidas, ou seja, tudo o que  priorizamos mais que Deus, que nos distancia dEle; segundo,  buscarmos mais a presença do Senhor, através da oração e meditação diária na Palavra, pois sem a Palavra não tem como haver avivamento, e o que chamam de tal, não passa de movimento;  terceiro, a  Epístola de Tiago nos adverte para que sejamos “cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes” (Tg 1.22a), o que significa viver sem falsidade, viver em retidão e coerência, colocando em prática o que a Bíblia nos ensina.

Resultado de uma vida com Deus: Paz e Prosperidade

“Disse, pois, Judá: Edifiquemos estas cidades e cerquemo-las de muros, torres, portas e ferrolhos, enquanto a terra ainda está quieta diante de nós, pois, buscamos ao Senhor, nosso Deus; buscamo-lo e deu-nos repouso em redor. Edificaram, pois, e prosperaram” (v.7).

 Durante dez anos, Asa fez o que era reto diante do Senhor e Judá prosperou grandemente. Nesse período, uma invasão poderosa foi repelida porque Asa invocou ao Senhor (14.8-15). Seguiram-se mais reformas (15.1-9) e uma renovação da aliança no 15º ano de seu reinado (15.10-18). E assim, desfrutou de paz até seu 35º ano (15.19).  Podemos extrair grandes lições espirituais desse texto: primeiro, reconhecermos os feitos do Senhor por nós e fazermos menção deles (testemunho); segundo,  o segredo de uma vida próspera é vivermos em retidão e obediência ao Senhor; terceiro, em tempo de paz, não devemos ficar em repouso, devemos trabalhar e edificar a nossa vida com Deus; quarto,  em tempo de paz, não devemos baixar a guarda, temos que levantar muros de proteção.

 A Bíblia nos ensina que  a nossa proteção vem do Senhor. Mas também, nos ensina que devemos   estar revestidos do poder de Deus para que possamos resistir aos dias maus (Ef 6.10-18); quinto,  devemos construir torres, ou seja,  torre nos remete a ideia de vigilância. Devemos estar atentos, pois o inimigo nos ronda como leão, de noite e de dia, por isso, não podemos vacilar.  Jesus nos advertiu dizendo, “vigiai e orai” (Mt 26.41). A vigilância vem em primeiro lugar, pois, embora possamos ter uma vida de oração, se não nos precavermos, podemos cair em tentação. O inimigo é ardiloso e tudo o que ele quer é nos tirar da presença do Senhor.

Resultado de uma Vida de Oração: Vitória

“E Asa clamou ao Senhor, seu Deus e disse: Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso, quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão;  Senhor, tu és o nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem” (v. 11).

 Nos versículos anteriores ao citado acima (vv 8,9) fala do ataque eminente de forças inimigas com um exército muito superior ao de Judá. Asa, embora ciente da situação, não recuou e encarou de frente aquela situação. Não sem antes colocar-se diante do Senhor e clamar por socorro. Sabia muito bem que pelas forças meramente humanas seria impossível vencer aquela batalha, mas a sua confiança estava no Senhor dos Exércitos. A sua vitória é a vitória do povo de Deus, não só para aquele tempo mas em todas as épocas. Porque aquele que confia no Senhor, jamais será desamparado. 

 A oração de Asa nos oferece grandes e riquíssimos  ensinamentos quando ele diz

1) “em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão” - , ele está reconhecendo que a sua força está em Deus e coloca-se totalmente dependente dEle, pois bem sabia o tamanho do gigante que o ameaçava;

2) “O Senhor é nosso Deus”, está proclamando o senhorio do Senhor sobre sua vida; 

3) “nada é para ti ajudar” - , está reconhecendo a soberania de Deus, pois tudo passa pela sua vontade e se prostra diante de Deus em  humildade para fazer um pedido; 

4) “em ti confiamos” - manifesta a sua confiança no Senhor, a sua fé; 

5) “no teu nome viemos contra a multidão" -, manifesta a glória de Deus na certeza de que a coragem e a força para lutar vinha do Senhor; 

6) “não prevaleça contra ti o homem”-, pede para que Deus nenhum mal lhes suceda, mas que a vontade de Deus prevaleça sobre a intenção dos homens maus.

Promessa de Deus para os Fiéis

“Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra tem uma recompensa” (v 7).

 No início do Capítulo 15 (vv 1,2), diz que o Espírito de Deus veio sobre Azarias, que era um profeta e este, foi ao encontro de Asa e falou-lhe desta maneira: “Ouvi-me asa, e todo o Judá, e Benjamim, o Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele, e se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará”.  O que Deus estava propondo a Asa era uma renovação de aliança. Ora, se havia essa necessidade era porque ele e todo o povo de Judá já não estavam demonstrando a mesma fé, o mesmo entusiasmo que dantes. O povo de Deus em tempos de calmaria tende a se acomodar e não buscar a Deus com o mesmo fervor, até esfriar totalmente e não mais busca-lo. Era isso que estava acontecendo.

 Porque haviam retrocedido e se rebelado, o Senhor permitiu que sobreviesse sobre eles muitas perturbações e conflitos (vv 5,6). Deus não estava nada satisfeito com Judá e por algum tempo se ausentou deles (v 3).  Mas, em meio ao sofrimento, eles se arrependiam de terem se ausentado do Senhor e o buscavam. Deus, na sua infinita misericórdia se fazia achar por eles (v 4). A palavra que proferiu a seu povo por meio do profeta Azarias, era de fortalecimento, para que o seu povo aguentasse firme as provações porque havia uma recompensa para os que perseverassem e que nada do que estavam passando seria em vão, pois há um propósito para todas as coisa, embora nem sempre tenhamos clareza disso porque Deus trabalha em meio à calmaria mas também em meio a tempestade.

 Após ouvir as palavras do profeta, Asa se recompôs e esforçou-se em por fim ao que para Deus era abominável e renovou o Altar do Senhor (v. 8). Asa reuniu toda Judá e Benjamim e ajuntaram-se em Jerusalém e lá, ofereceram ao Senhor sacrifício (vv 9-11). Asa os exortou a renovar o concerto com o Senhor com toda a sinceridade de seus corações (v 12) e eles assim o fizeram, jurando em voz alta, com alegria, com barulho de trombetas e com buzinas (v 14). Depois disso, o Senhor lhes deu novamente o repouso e voltaram a ter paz.

 A fidelidade de Asa foi tão grande que ele depôs a própria mãe, a rainha Maaca, pois ela havia construído um monumento a Aserá. Asa destruiu esse ídolo, despedaçou-o e em seguida o queimou. Depois, jogou-o junto ao ribeiro de Cedron (v. 16). Embora Asa não tenha conseguido retirar todos os altos, ainda assim, procurou se conduzir de forma que agradasse ao Senhor, durante todos aqueles dias (v. 17b).

Quando nossos olhos se desviam do Senhor

“E caiu Asa doente de seus pés no ano trigésimo nono do seu reinado; grande por extremo era a sua enfermidade, e contudo, na sua enfermidade, não buscou ao Senhor, mas, antes, aos médicos” (16.12).

 Aconteceu, no trigésimo sexto ano do reinado de Asa, lhe sobreveio, uma grande provação. Houve uma invasão por parte de Baasã, rei de Israel do Reino do Norte, sobre Judá. Assustado, ao invés de buscar ao Senhor, buscou reforços militares arameus (16.2). Depois de tantas provas de que Deus era com ele, ainda assim, fraquejou, tomou uma decisão errada. Preferiu, ao invés de confiar em Deus, confiar no homem. A Bíblia diz que “maldito é o homem que confia nos homens” (Jr 17.5). Asa fez aliança com Bem-Haddad rei da Síria, oferecendo-lhe ouro e prata, partes suas e partes retiradas do próprio templo. Com isso, iniciou uma guerra em duas frentes contra Baasã, deixando-o sem saída e forçando-o a retirar-se.

 Logo depois desse ocorrido, veio até Asa o vidente Hannani e disse-lhe: “Por que confiaste no rei da Síria, e não confiaste no Senhor teu Deus, o exército do rei da Síria escapou de suas mãos” (16.7). Se tivesse confiado no Senhor, certamente, como o profeta disse, Deus lhe daria a vitória. No entanto, fraquejou na fé e agiu por conta própria. Deus o repreende duramente pela boca do profeta, fazendo-o lembrar dos grandes livramentos que tivera contra o etíope que possuía um exército tão grande quanto o que agora se apresentava (16.8), e diz que, os olhos do Senhor estão por toda a terra para fortalecer aqueles que o buscam e lhe entregam totalmente o coração (16.9). E finaliza dizendo que, por não ter confiado no Senhor, teria agora que arcar com as consequências de sua decisão e que teria que enfrentar muitas guerras que viriam sobre Judá.

 Após ouvir as duras palavras, ao invés de se arrepender, Asa teve um ataque de ira e mandou prender o vidente (16.10) e, como se não bastasse, passou a oprimir com brutalidade a alguns do povo. O coração enrijeceu-lhe a alma e assim continuou, sem dar mostras de arrependimento. Quantas pessoas não agem desta mesma forma. Apesar de conhecerem a Deus, de conhecerem a Palavra, não são capazes de lidar com as adversidades. Na primeira luta que vem já estão logo desistindo, abandonando Deus e tudo o mais. Embrutecem a alma e passam a viver como prisioneiros de si mesmos em cárceres privados. 

 Precisamos aprender a sermos mansos como Jesus nos ensinou e humildes para reconhecermos as nossas faltas e pedirmos perdão. Asa não teve essa atitude e no trigésimo nono ano de seu reinado, foi acometido de uma enfermidade nos pés. Porém, nem assim procurou ao Senhor, preferindo confiar nos médicos (16.12).  Que possamos aprender com essa história a nos perdoar quando erramos porque somos criaturas falhas e a reconhecermos que carecemos da ajuda do Espírito Santo para vencermos o pior inimigo que temos que somos nós mesmos.


CONCLUSÃO

 O amor é lindo e nos envolve com tamanha força que nos sentimos capazes de enfrentar o mundo para estarmos com a pessoa amada. No entanto, com o passar dos tempos e, em meio às dificuldades, passamos priorizar outras coisas e, se não nos atentarmos, o amor antes tão vigoroso e intenso, vai se esvaindo até se extinguir. No nosso relacionamento com Deus, não é diferente. Corremos o risco de estarmos envolvidos com tantas coisas na Igreja, ou na vida secular, deixando de lado o nosso relacionamento com Deus e assim, deixando de cultivar a essência desse amor que é o que nos mantém vivos. 

 Essa questão é tão séria que o próprio Cristo, dirigindo-se a Igreja de Éfeso, proferiu a seguinte acusação contra ela: “Tenho, porém, contra ti, que deixaste o primeiro amor” (Ap 2.4)

 Sem o amor a Deus, tornamo-nos apenas religiosos, vazios e perdidos em nosso próprio entendimento. Assim sucedeu com o Rei Asa. Ele teve um lindo começo com Deus, mas um triste fim, porque já não o buscava mais, preferindo ser deus de si mesmo. 

 Que possamos aprender com essa lição e corrigirmos  em nós as nossas falhas. 

 E que Deus, em sua infinita misericórdia nos alcance e nos restaure o primeiro amor.


Sonia Oliveira


Veja aqui alguns dos Estudos disponíveis no Arquivo do blog:

  1. ISamuel - Resposta ao chamado de Deus
  2. Juizes - Período Teocrático 
  3. Sansão - Exemplo de Imaturidade 
  4. Gideão - Um Homem Revestido de Poder 
  5. Abimeleque - Ambição Sem Limites 
  6. José do Egito 
  7. Josué e Calebe - Enfrentando o Gigante do Medo 
  8. Josué - A Derrota de Ai 
  9. Palavra de Deus - Uma Mensagem Transformadora 
  10. Evangelizar é Preciso! 
  11. A Vontade Soberana de Deus 
  12. O Espírito Santo a Terceira Pessoa da Trindade 
  13. Páscoa Cristã 
  14. Dons Espirituais 
  15. Missões com Excelência - A boa semente
  16. É Tempo de Despertar 
  17. Epístola aos Filipenses
  18. Virando as Costas para Deus
  19. A Oração de Habacuque
  20. Os Frutos do Espirito
  21. Jabez a Oração que Mudou uma Historia
  22. Os Escolhidos de Deus
  23. Compromisso com Deus
  24. Compromisso com a Verdade
  25. A Família sob Ataque
  26. Ageu a Reconstrucao do Templo
  27. Jonas a Misericordia de Deus
  28. Davi um Coração Quebrantado Diante de Deus
  29. Amor o Maior Mandamento
  30. Renovação Espiritual
  31. Como ser Forte nos Momentos de Fraqueza
  32. Elias Relacionamento e Dependência de Deus
  33. Colossenses Supremacia de Cristo
  34. Um Convite á Graça e Restauração
  35. Nova Criatura em Cristo
  36. Apressa-te Senhor em me Ajudar
  37. A Boa Mão de Deus Sobre Mim
  38. Naamã o Mergulho na Graça de Deus
  39. Asafe o Perigo de Perder o Foco
  40. Aprendendo a Ser Dependente de Deus
  41. Jó a Essência da Adoração
  42. Saber Esperar no Senhor
  43. Livro de Habacuque (Vídeo) - parte 1
  44. Livro de Habacuque (Vídeo) - parte 2
  45. Livro de Habacuque (Vídeo) - parte 3
  46. Livro de Habacuque (Vídeo) - parte 4 
  47. Livro de Habacuque (Vídeo) - parte 5
  48. Epístola aos Colossenses (Vídeo) - Introdução
  49. Santificação